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parte_i_capitulo_08

VIII

— Por que ela passaria o final de semana em Anápolis e não me avisaria? — perguntava Alex enquanto retornava naquele mesmo dia.

— Estávamos em Goiânia. Talvez ela tenha tentado avisar. — consolava Léo.

— Ela pode estar nos esperando, temos que chegar rápido.

— Sua família… ela tem tios lá.

— Quando chegarmos lá, eu lhe mostro a casa dos tios dela.

— Beleza!

— Você está caidinho por ela.

— Acredito que tenhamos o direito de dar nos uma chance a fim que possamos ver nossas afinidades.

Uma incontrolável vontade de rir tomou Leonardo que caiu as gargalhadas enquanto todos no ônibus olhavam seu surto de risos.

Já aos últimos raios do sol, Alex e Léo desceram na Avenida Brasil, próximo ao Distrito Industrial, seguiram por três quilômetros a oeste chegando à casa dos tios de Maria. Alex a avistou junto a um rapaz sentados num longo banco abaixo de um grande abacateiro.

— Até mais! — disse Léo virando uma esquina.

Quem seria o garoto? — intrigava-se Alex.

Alegrou-se ao ver que Maria retirava o braço do rapaz que se atrevia sobre o seu. A rosa foi guardada no bolso e Alex apressadamente ao ver que já o avistaram.

— Oi, Maria! — disse com entusiasmo.

— Oi, Alex! Que faz por estes lados?

— Vim lhe ver.

— Vai Alex! O que faz por aqui?

— Vim lhe ver. — insistiu.

— Tá bom, se não quiser falar o que veio fazer não precisa. Este é o Arthur meu amiguinho.

Alex o encarou, sussurrou algumas palavras.

— O que disse? — perguntou Maria que não compreendeu o que foi sussurrado.

— Estou pensando alto, mas nada importante.

“Amo-a, pensou”.

— Ê como anda a residência sete, da rua vinte e um de abril? — perguntou Maria se referindo à casa dos jovens.

— Não posso reclamar, Léo é um grande amigo, a casa é confortável. Ao mais, afirmo que encontrei muitas pessoas legais aqui.

— Já escreveu algo?

— Estou estudando bastante, a loja ainda não entregou o computador, acredita? Mas não é ele por ele, é a história. Têm muitas em minha cabeça, mas nenhuma me agrada, nenhuma me anima continuar escrevendo.

— Por que não conta sobre sua vinda pra cá? Porque viajou, como encontrou Léo…

— Como encontrei você…

— E tudo o que aconteceu. Não seria uma má ideia. Eu não deixaria de comprá-lo.

— Ê será que alguém se interessaria por algo assim?

— Se alguém mais se interessaria por algo assim eu não sei, eu com certeza me interessaria.

— Então está decidido, hoje mesmo começo a escrever sobre meus dias aqui. Veremos o que sai… e se não for interessante pelo menos você irá ler.

— Estou esperando.

Arthur, o referido amiguinho, permaneceu calado, até este momento em que indo de encontro a Maria, a abraçou.

— Como eu disse, não dá, desculpe-me, mas tenho que ir.

Alex permaneceu estático enquanto via os dois se abraçar. Sabia que nunca abraçou, nunca a sentiu em seu peito. Um abraço! Algo tão simples… algo tão valioso.

A partida do amiguinho, e Alex fixou os olhos nas primeiras estrelas da noite, sentia-se feliz. Estou pronto? Não teve respostas e por isto esperou.

— O que irá fazer hoje à noite? — perguntou, direcionando o olhar para Maria.

— Nada, agora…

— Quer ir ao cinema?

— Estou cansada…, mas tudo bem, vamos. Entre, banho rápido.

Maria apresentou sua tia, que o recebeu com grande sorriso e forte abraço que de certa forma o aliviou inquietação.

* * *

A sessão das vinte e uma iniciava, o casal que chegará adiantados escolheram boas poltronas ao centro. Assistiram ao filme entusiasmadamente e não pouparam os comentários. Logo após a sessão caminharam por trinta minutos, os quais mantiveram o clima. Maria demonstrava contentamento e racionalidade esperando que o jovem dissesse o que parecia inevitável que se dissesse.

Sentaram em um banco de uma pequena praça, onde Maria fitava-o como se buscasse motivá-lo a dizer o algo que tinha a dizer.

Houve nada além de descontraídos comentários, sobre o dia ou sobre algo que aconteceu.

— É vou pra casa de minha tia, amanhã tenho que voltar cedo. — falou Maria vencida pelo cansaço.

— Ok. — disse Alex, confuso por seus pensamentos.

Maria levantou num impulso, mantendo uma alegria débil, Alex a muito já se mantinha cabisbaixo.

parte_i_capitulo_08.txt · Última modificação: 17/01/2024 20:32 por admin

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